As crianças também sofrem de stress?
Em primeiro lugar, é importante clarificar que o stress não é necessariamente negativo! Do ponto de vista físico, o stress é um banho de pura energia- o aumento gradativo da adrenalina melhora o desempenho físico e intelectual; recruta ao sistema circulatório o desvio para o cérebro e para os músculos o sangue de funções não-essenciais para a batalha, como a digestão, que é interrompida. A visão, a audição e até o raciocínio ficam aguçados. Não sendo o stress, per si, uma doença, deve ser encarado como uma condição que pode enfraquecer o organismo e favorecer o surgimento de determinadas doenças. Embora não seja uma patologia, deve-se prevenir e tratar pois as suas consequências podem ser muito graves!
Na sociedade atual de ritmos acelerados, de várias exigências e responsabilidades, as famílias vivem em constante stress laboral, social, familiar e pessoal. Tomando em consideração que os filhos privilegiam, para o seu processo de desenvolvimento e maturação, os pais como foco de imitação, acabam por adquirir os mesmos tiques nervosos, a mesma inquietude, o mesmo stress e ritmos acelerados.
Por sua vez, durante o processo de crescimento, as crianças e adolescentes têm as suas próprias fontes de stress, algumas delas dificilmente compreendidas pelos adultos, que podem afetá-los tanto física como emocionalmente. As crianças de hoje são pressionadas a ter êxito na escola, a competir nos desportos e a satisfazer as necessidades emocionais dos pais. Paralelamente, possuem os exemplos “hiperativos” televisivos e de outras crianças com quem convivem e são expostas a muitos problemas dos adultos antes mesmo de terem resolvido os problemas da sua própria infância.
Se para algumas crianças e adolescentes, rapidamente, e com relativa facilidade, conseguem ultrapassar essa situação de stress, outras vêem-se numa escalada aguda de stress por incapacidade de resolver ou entender o problema. A duração e intensidade do comportamento de stress depende diretamente da gravidade da situação, da personalidade/temperamento da criança, da idade da criança, da repetição do problema e do grau do envolvimento da criança no problema, entre outros.
A prevenção do stress infantil começa com uma vida equilibrada dos pais, e mesmo quando os problemas surgem devem evitar ao máximo envolver as crianças e jovens (a menos que seja inevitável fazê-lo). Respeitar o ritmo da criança também ajuda na prevenção do stress. Para além dos aspetos psicológicos, a prevenção do stress infantil envolve a aquisição de hábitos de vida saudáveis quanto à alimentação, ao exercício físico e ao lazer.