Estrutura vs função, quem influencia quem?
Uma grande questão se levanta quando refletimos sobre o papel da função e da estrutura. Mas quem é que influencia quem? Efetivamente não há um paradigma claro, podendo remeter-nos para diferentes tipos de interpretação. Por um lado, a estrutura terá um papel fulcral num bom funcionamento de todo o organismo. Um dos 4 princípios da Osteopatia atribui à estrutura o papel de governar a função. Uma estrutura, seja ela óssea ou um órgão, provocará alterações nas funções locais e/ou periféricas. Nem sempre as alterações estruturais provocam patologia local, mas obrigará todo o organismo a ajustar-se. A dor, o edema e/ou mesmo a limitação pode não se encontrar no local da estrutura alterada, mas será a causa primária da origem da disfunção. Por outro lado, sabe-se que a função modelará uma determinada estrutura considerando que a estrutura é condicionada pelos estímulos externos que recebe. Por exemplo, quando se fala sobre disfunções posturais sabemos que a fraqueza de determinado grupo muscular ou as alterações do momento de atividade do mesmo podem comprometer a estabilidade necessária e, assim, promover alterações do padrão e, consequentemente, limitações funcionais na estrutura, como as alterações posturais, impedindo a realização de atividades básicas da vida diária por desconforto e limitando desta forma a autonomia, tornando o indivíduo menos capaz no dia-a-dia.
Procurar a origem da patologia, tratar e permitir ao corpo restabelecer o seu correto funcionamento que em muitos casos implica restaurar a função através da integridade cinético-funcional do sistema de movimento, recorrendo a exercícios específicos e assim, influenciar nas principais caraterísticas da estrutura que está sempre em desenvolvimento, é um trabalho multidisciplinar onde o fisioterapeuta, o osteopata e especialistas do exercício físico têm um papel preponderante.
Kim, B., & Yim, J. (2020). Core Stability and Hip Exercises Improve Physical Function and Activity in Patients with Non-Specific Low Back Pain: A Randomized Controlled Trial. Tohoku Journal of Experimental Medicine, 251, 193-206.
Ricard, F. & Sallé, Jean-Luc. (2003). Tratado de osteopatía. Ed. Panamericana.
Autoras:
Dra. Patrícia Rocha
Dra. Rita Martins