Já ouviu falar do diafragma? Sabe qual a sua importância?
O diafragma é uma estrutura músculo-tendinosa, com dupla cúpula, que separa a caixa torácica da cavidade abdominal. É considerado o principal músculo da respiração, sendo-lhe atribuída 70 a 75% da função inspiratória e tendo uma elevada capacidade de contração, contraindo cerca de 20 000 vezes ao longo do dia.
Quando as fibras musculares se contraem, o diafragma desce de modo a permitir o aumento do volume da cavidade torácica verticalmente, o que diminui a pressão intrapulmonar resultando na entrada de ar para os pulmões. Quando o diafragma relaxa, sobe, o volume torácico diminui, a pressão intrapulmonar aumenta e o ar sai dos pulmões.
Mas a importância do diafragma não fica por aqui!
O diafragma respiratório apresenta numerosas conexões ósseas, musculares, neurológicas, fasciais, vasculares e linfáticas, cujas funções vão além da respiração.
Uma das conexões mais marcantes do diafragma é a conexão fascial, o diafragma faz parte de uma rede fascial que conecta várias estruturas do corpo, o tendão central.
Só através desta relação fascial, o diafragma relaciona-se com estruturas como as meninges e membranas de tensão recíproca que envolvem o sistema nervoso central, a pleura que envolve os pulmões, ligamentos importantes para a sustentação do coração e com o pavimento pélvico.
Do ponto de vista mais estrutural, o diafragma tem conexões com as últimas costelas, esterno, com as primeiras vértebras lombares e com diferentes grupos musculares. Relaciona-se ainda com as vértebras cervicais C3-C5, responsáveis pela sua inervação.
O diafragma contém ainda os hiatos diafragmáticos, ou seja, orifícios que além de permitirem a passagem do esófago, permitem a passagem da veia cava inferior que favorece o retorno venoso do sangue do abdómen e dos membros inferiores e da artéria aorta que permite a passagem de sangue arterial do tórax para o abdómen.
Além destas relações, é de salientar que o diafragma, dada a sua posição anatómica, tem conexões com órgãos torácicos e abdominais, sendo eles: coração, pulmões, esófago, estômago, duodeno, fígado, baço, intestino grosso (ângulos hepático e esplênico) e rins.
Considerando todas as características do diafragma e as suas interações compreende-se que um mecanismo diafragmático disfuncional possa causar problemas à distância. Os sintomas podem ir da esfera gástrica (refluxo) à esfera psicológica (depressão e ansiedade), da esfera ortopédica (dor na região lombar) à neurológica (descoordenação neuromuscular) e da esfera vascular à esfera linfática (comprometimento da circulação de fluídos). De forma bidirecional, alterações das estruturas ósseas, musculares, neurológicas, fasciais, vasculares e linfáticas também se podem repercutir sobre o diafragma.
Em osteopatia, como se considera sempre a unidade corporal, o diafragma é sempre avaliado em contexto clínico e, em caso de disfunção, é tratado com técnicas específicas que visam restituir a funcionalidade normal deste músculo e promover o retorno do organismo ao seu estado de homeostasia.
Autora: Dra. Clara Sousa, Osteopata
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