VINCULAÇÃO – O PRIMEIRO LAÇO EMOTIVO DO BEBÉ
Anteriormente às décadas de 70/80, acreditava-se que se a mãe e o bebé fossem separados durante as primeiras horas a seguir ao parto, a ligação mãe/bebé – os sentimentos da mãe de proximidade e proteção em relação ao recém-nascido – poderiam não se desenvolver normalmente. De acordo com a teoria do apego de Bowlby (1980), a tendência natural para se estabelecerem fortes relações de apego com determinada pessoa é uma necessidade básica tão importante quanto a alimentação e o sexo. A relação de apego que a criança estabelece com a mãe ou substituto depende da responsividade e sensibilidade desta pessoa com a criança e não da satisfação das necessidades primárias da criança pelo adulto.
No entanto, investigação mais recente não confirmou a existência de um período crítico para a ligação mãe/bebé e os defensores da ideia original modificaram, mais tarde, a sua posição afirmando que o contacto imediatamente após o parto não é essencial para uma forte ligação mãe/criança. Algumas mães parecem conseguir uma ligação mais forte com os bebés depois de um contacto precoce mais alargado, tal como é conseguido em hospitais que oferecem uma antecâmara ou quando o parto é em casa; mas não têm sido demonstrados resultados a longo prazo. Este resultado tem atenuado a preocupação e a culpa por vezes sentida por pais adotivos e pais que tiveram de ser separados dos seus filhos a seguir ao nascimento.
Os pais tal como as mães formam ligações íntimas com os seus bebés pouco depois do nascimento. Pais pela primeira vez, orgulhosos, admiram e pegam nos seus bebés. Os bebés contribuem simplesmente fazendo coisas que os bebés normalmente fazem: abrindo os olhos, apertando os dedos do pai ou mexendo-se nos seus braços.
A ligação entre pais e bebé ajuda-os a reconhecer as necessidades deste último. Uma forma importante de os recém-nascidos exprimirem a sua individualidade e a sua imprevisibilidade é através dos padrões de sono e vigília e de atividade quando acordados. Um modo importante de os pais expressarem o seu amor pelo bebé é a sua responsividade a estes padrões.
À medida que os bebés se tornam mais despertos, alertas e ativos, o seu padrão comportamental individual provoca respostas diversas por parte das figuras que lhes prestam cuidados. Os adultos reagem de maneira muito diferente a um bebé tranquilo e a um bebé excitável; a um bebé a quem podem facilmente acalmar e a outro que é frequentemente inconsolável; a um bebé que está frequentemente acordado e alerta a outro que parece alheado do que o rodeia. Os bebés, por sua vez, respondem à forma como são tratados. Esta influência bidirecional pode ter efeitos duradouros no tipo de pessoa em que o bebé se tornará. Assim, desde o princípio, as crianças influenciam as suas próprias vidas ao moldarem o ambiente no qual se desenvolvem.
Bowby, J. (1980). Loss, Sadness and Depression: Attachment and Loss Vol. III. New York: Basic Books